Bloqueio com Toxina Botulínica
Propriedades da Toxina Botulínica Tipo A
A Toxina Botulínica do Tipo A (TBA) é obtida através da bactéria anaeróbica Clostridium botulinum, que por sua vez produz 7 sorotipos de potentes neurotoxinas causadoras do Botulismo. Os diferentes sorotipos são reconhecidos por suas estruturas moleculares distintas, sendo designadas pelas letras de A a G. As propriedades da TBA foram estudadas extensivamente por Schantz, Johnson e colaboradores há mais de trinta anos; inicialmente em Fort Detrick e posteriormente na Universidade de Wisconsin, onde foi produzida laboratorialmente pela primeira vez.
Como medicamento, a TBA se caracteriza por possuir diversas propriedades bioquímicas desejáveis:
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Especificidade em seu meio de açāo. Inibe a liberação de Acetilcolina dos motoneuronios periféricos. Estudos demonstraram que a TBA age especificamente na proteólise da SNAP-25, não causando nenhuma alterações em outras proteínas sinápticas.
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Extrema potencia, entāo para bloquear a contração muscular necessita-se de doses muito baixas – nanogramas (ng).
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Longa duração de açāo. O relaxamento, obtido pela atividade muscular anormal pós tratamento com toxina, permanece durante vários meses.
Indicações Ortopédicas do Bloqueio com Toxina Botulínica
- Bloqueio de Triguer Points (Síndrome Dolorosa Miofascial)
- Migranea Cronica (Enxaqueca)
- Síndrome de Meige (Blefarosespasmo, Distonia Oromandibular, Espasmo Hemifacial)
Cefaléia Cronica, Enxaqueca e Toxina Botulínica
De acordo com os dados da Organizaçāo Mundial de Saúde (OMS), a Cefaléia representa um dos motivos mais frequentes de consultas médicas, constando-se a Migranea (Enxaqueca) entre as vinte doenças mais incapacitantes. Essa modalidade de Cefaléia apresenta prevalencia anual entre 3% e 24,6% da população mundial, e um trabalho recente refere que a prevalencia pode chegar até 27,5%, sendo mais comumente encontrada no sexo feminino.
Aproximadamente 50% das pessoas com Cefaléia se automedicam e um problema frequente é o uso excessivo de medicamentos sintomáticos, que por se só é responsável por aproximadamente 1,4% das Cefaléias na população geral, e em centros especializados essa porcentagem aumenta para 30 a 50%.
O objetivo do tratamento é reduzir a frequencia e a intensidade das crises e melhorar sua resposta ao tratamento agudo, diminuindo seu impacto na qualidade de vida do paciente. Porém o ideal nessa abordagem é estabelecer uma possível relação causal tratável, como são o Hipotireoidismo Subclínico, o aumento da permeabilidade intestinal, dentre outras causas.
Uma abordagem que vem sendo estudada e praticada com resultados bastante promissores é o bloqueio com toxina botulínica tipo A, na profilaxia e tratamento de pacientes não responsivos a tratamentos convencionais, como o é o uso de medicaçāo sintomática. O bloqueio com toxina botulínica reduz o número de dias com Cefaléia e com Migranea (Enxaqueca), a intensidade e o número de horas de dor e, diminui o consumo de medicamentos analgésicos. Cada sessão deve ser repetida apôs 12 semanas ate a resposta satisfatória, por no mínimo 2-3 ciclos.
A utilização da Toxina Botulínica é hoje aceita como tratamento profilático de primeira linha em pacientes com Migranea Cronica (Enxaqueca) ou como de segunda linha naquelas indivíduos fármaco resistentes.

Distonia Craniana – Síndrome de Meige

Síndrome de Dolorosa Miofascial e Toxina Botulínica
